Estudantes do Conjunto Penitencial de Jequié lançam coletânea de poesia

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O projeto pedagógico Café com Poesia, que é desenvolvido nas aulas de Língua Portuguesa e de Artes com os estudantes internos do Colégio Estadual Georgina Miranda – Escola Anexa, localizada no Conjunto Penitencial de Jequié, rendeu o maior de seus frutos: o livro “Sentimentos internos”, publicado pela Editora Nocego. Depois de lançada em um dos módulos do conjunto penal, a coletânea de poesias de autoria dos próprios alunos da unidade prisional estará disponível a partir deste sábado (28), na Livraria Nobel, que fica dentro do G. Barbosa, em Jequié. A obra coletiva reúne cerca de 50 textos poéticos nos quais os autores recorrem a temas como liberdade e saudade.
 
A interna Juciara, aluna da turma de alfabetização, falou, comovida, sobre a oportunidade de expressar seus sentimentos através de sua própria poesia. “Agradeço a todos os professores que estão no nosso dia a dia, em especial a Janei, que está sempre me dando força, mostrando que temos capacidade de seguir em frente e descobrir novos conhecimentos. Vou levar para o resto da minha vida este aprendizado. Afinal, estudamos não só pela remissão, mas também porque queremos uma nova oportunidade para quando sairmos daqui”, declarou.
 
O interno Jeilton, aluno do Fundamental II, também falou sobre o significado da arte literária para este momento da sua vida. “Aprendi a fazer poesia, que foi uma maneira que encontrei para expor meus sentimentos, meus desejos. Estou vivendo uma das experiências mais importantes da minha vida. Apesar de estar aqui neste lugar, privado da liberdade, estou muito alegre de poder falar o que sinto através da poesia que escrevi. Isto só traz coisas boas para a gente”. A esperança, por exemplo, é um sentimento que ele demonstrou quando escreveu: “Quero encontrar um cantinho/ quentinho, gostosinho/ criar meus filhos/ cuidar do meu irmão/ e da minha mãezinha”.
 
Reconstrução de sentimentos - A professora e vice-diretora Elenita Aragão, uma das idealizadoras e produtoras do livro, destaca que a ação moveu importantes questões, entre as quais o estímulo à leitura em um ambiente que, teoricamente, é desprovido dela, e a promoção do conhecimento e da aceitação do universo poético, permitindo a reflexão e a reconstrução de sentimentos entre os internos. “Além disso, a iniciativa promove a criatividade, a reflexão e a valorização das pessoas privadas de liberdade. Com o livro de poesias, eles se sentem ressignificados, pois nunca imaginaram que seriam capazes de produzir poesias e muito menos que seriam publicadas”.
 
Café com poesia - Coordenado também pelos professores Domingos Calixto, Janei Reis, Josivanda Almeida, Rita de Cássia e Lúcia Barreto, integrantes do Núcleo de Estudos em Educação Prisional (NEEP ), juntamente com Elenita Aragão, o projeto Café com Poesia “é uma proposta de trabalho que se apresenta como uma ação voltada para a quebra de paradigmas, com um viés ideológico voltado para a promoção de novas vivências para os alunos, apresentando-lhes o mundo da literatura, quer seja apor meio da poesia, do conto, da crônica ou do romance”, como definem os educadores.

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