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Povos indígenas comemoram o acesso de jovens ao Ensino Superior
A comunidade Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, no município de Buerarema, está em festa. Com três estudantes aprovados em universidades públicas, o momento é de emoção para os moradores. Vivendo nas margens do Rio Una, no Sul da Bahia, em um local presenteado pelas belezas e pela força da Mata Atlântica, a comunidade comemora a aprovação de três jovens mulheres: Sthefany Ferreira, em Medicina, na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC); Michelle Ferreira, no curso de Administração, na Universidade Federal da Bahia (UFBA); e Aratiana Silva, aprovada em Humanidades pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Sthefany Ferreira
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Michelle Ferreira
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Sthefany Tupinambá relata que essa é uma das inúmeras provas da qualidade da Educação Indígena. “Algumas pessoas tentam estigmatizar os indígenas como pessoas incapazes. E estamos aqui pra mostrar que isso não é real. Vim do Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro e, poucos meses após concluir o Ensino Médio, fui aprovada em Enfermagem, também na UESC. Agora, passei em Medicina. Foi muita luta pra conseguir chegar até aqui. Mas não desisti, pois meu povo sempre me deu forças. Pertenço à Nação Tupinambá, nasci dentro de uma família incrível e guerreira, que me proporcionou ensinamentos maravilhosos e ensinou a nunca desistir dos meus sonhos. Estar na universidade significa ocupar espaços com resistência, transformando o conhecimento em uma importante ferramenta de luta e descolonização do pensamento de muitos”.
Michelle Nascimento tem 19 anos e também concluiu o Ensino Médio no Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro. A filha do casal Zenaildes e Adenilson mora com a mãe e oito irmãos. Para a indígena, a conquista é da comunidade e dedicada à memória do pai, que faleceu quando tinha 13 anos. “Minha expectativa é concluir Administração e continuar estudando. Tenho vários sonhos e quero realizá-los, pois, com certeza, este novo ciclo vai mudar a minha vida e a da minha família. Vou retribuir ao meu povo que sempre esteve comigo. Sou uma mulher que passou por um grande sofrimento. Perdi meu pai, vítima de um assassinato, quando voltava de uma pescaria. É difícil estar sem ele. Ver todas as suas filhas formadas era o que ele sempre sonhou e hoje este sonho começa a ser concretizado. A memória dele me dá forças e sinto que ele está feliz e sempre estará comigo”.
O cacique Babau Tupinambá, uma das mais expressivas lideranças indígenas do Estado, disse que a aprovação dos jovens indígenas traz orgulho não só para Serra do Padeiro, mas também para um movimento que inclui diversas etnias. “Toda a comunidade está feliz por esses alunos que conseguiram entrar nas universidades. São jovens que nasceram e cresceram aqui e sempre estudaram na escola indígena. Isso é ótimo. Recebemos notícias de vários parentes de outros povos que também tiveram seus representantes com acesso à universidade. Isso nos enche de orgulho e alegria e é um sinal de que os nossos jovens, além da formação dos seus povos, vão se fortalecer com o conhecimento universitário, assim como trazer benefícios para suas aldeias e para a luta pela causa indígena”.
Ayana Soares
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Allan Arfé
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Iasmin Wyara
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Mais aprovados - Em Porto Seguro, da reserva Jaqueira Pataxó, Ayana Soares, 18 anos, foi aprovada no Interdisciplinar em Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). O sonho de acessar o Ensino Superior da estudante se reflete na vontade de ensinar e divulgar a arte de seu povo. “Estou orgulhosa desse momento. Sei do esforço que fiz para essa conquista e meu povo vai ver uma universitária com muita garra e dedicação. Quero ingressar na arte e poder mostrar para o mundo a cultura do povo Pataxó. Além disso, espero voltar ao Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha como professora e contribuir para os estudantes aprenderem a usar ferramentas para expressarem seus sentimentos e sua cultura através das artes visuais, canto e fala”.
Da Aldeia Mãe do Povo Tuxá, em Rodelas, Iasmin Wyara dos Santos foi aprovada em Terapia Ocupacional, na UFBA. A ex-estudante do Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas disse que a luta dos povos indígenas ganha sempre novas ferramentas com a aprovação de jovens no Ensino Superior. “Quando uma indígena entra na faculdade, ela não representa apenas a sua conquista e sim a da trajetória de um povo que tem as suas lutas e objetivos". Do mesmo local, Allan Arfé Kanãnahá Tuxá, 20, passou em Ciências Contábeis, na UFBA, e diz estar grato e empolgado com o novo ciclo. “Graças a Tupã consegui dar o primeiro passo. Um de muitos que virão nessa jornada. Passei no curso que sempre tive vontade e vou me dedicar ao máximo para honrar a minha aldeia e contribuir socialmente com minha formação”.
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