Ler, escrever e viver

O Topa foi muito mais que um programa de alfabetização para o casal Valdemiro Cortezini (24 anos) e Kênia Geiza Teobaldo (29 anos), do município de Guanambi (796 km de Salvador), alfabetizados na quinta etapa do programa, em 2012. Eles se conheceram durante as aulas na Casa de Custódia de Guanambi e, desde então, suas vidas mudaram. Hoje, casados, continuam os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Nunca tinha gostado de estudar. Meus pais me matriculavam na escola e eu não ia. Depois do Topa, comecei a gostar. Nunca me senti tão bem como me sinto agora. Me sinto valorizado. Quando vai chegando o horário da escola, eu já fico doido para ir pra aula”, conta Valdemiro.

Valdemiro e Kênia

Kênia Teobaldo comemora não só a alfabetização, como a inserção no mundo do trabalho. “Hoje, eu sei me comunicar direito, conversar. Trabalho em casa de família e convivo com pessoas estudadas. Agora, já sei ler os rótulos dos produtos de limpeza. A professora Ione Fernandes me ajudou muito, inclusive, a arranjar um trabalho. Eu quero continuar estudando. Já estou na escola, na mesma sala do meu marido”.

Inclusão e autonomia - No município de Jeremoabo (380 km de Salvador), o estudante de pedagogia José Batista, primeiro alfabetizador cego do Topa, tem a missão de alfabetizar os primeiros estudantes cegos do programa. Para garantir a aprendizagem, o Governo do Estado adquiriu o reglete, uma variação do aparelho de escrita utilizado por Louis Braille, além do papel especial com gramatura diferente do normal e do material didático específico, em Braille. “Assim como eu tive a oportunidade de receber uma formação em braile, quero que as pessoas cegas que moram aqui, e que estavam completamente leigas, também aprendam”, conta José Batista que é também presidente da Associação de Cegos do Semiárido Baiano.

 

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