Estudantes indígenas abordam sobre desafios no ensino superior

Foto: Geraldo Carvalho - Ascom/Educação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para as indígenas e ex-estudantes da rede estadual, Eduarda Tuxá, 23, e Vanessa Pataxó, 20, chegar à universidade representa mais do que uma conquista e, sim, a história de luta de seus povos e antepassados. Para relatarem sobre a trajetória de vida, perspectivas e desafios no ensino superior, as universitárias indígenas participaram da mesa redonda “Saberes Indígenas - conheça, reconheça e respeite”, realizada na manhã desta quarta-feira (14), no auditório da Secretaria da Educação do Estado, no Centro Admirativo da Bahia (CAB). 
 
O evento foi iniciado com apresentações de rituais tradicionais, a exemplo do Toré, executados por outros estudantes universitários indígenas das etnias Pataxó e Tuxá. Além disso, o escritor indígena Daniel Munduruku lançou seu novo livro ‘Memórias de índio – uma quase autobiografia’. “O livro faz um passeio por determinadas passagens da minha vida, no qual conta um pouco dessa trajetória pessoal enquanto indivíduo e cidadão brasileiro, a partir do meu pertencimento a uma cultura ancestral, que é a Munduruku”, explica o escritor.
 
Eduarda Tuxá, natural de Rodelas (588 km de Salvador), cursa Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e afirma que é preciso desconstruir a imagem caricata do índio que as pessoas têm e que isso leva ao preconceito. “O papel do indígena no ensino superior é trazer novos saberes para dentro da universidade, discutir as temáticas indígenas, as nossas lutas e, acima de tudo, fazer uso desse conhecimento para trazer melhorias para a nossa comunidade”, destaca a indígena, que concluiu o ensino médio no Colégio Estadual Nossa Senhora do Rosário. 
 
Atualmente morando em Salvador, Vanessa Pataxó, de Coroa Vermelha (712 km da capital), é ex-aluna do Colégio Estadual Professora Terezinha Scaramussa, localizado em Santa Cruz Cabrália. Ela também falou sobre a sua trajetória de vida até ingressar na faculdade de Fisioterapia, na UFBA. “A gente vem da base da escola indígena e é uma luta chegar até aqui e fazer uma graduação. Quero dar retorno para a minha comunidade e estimular outros estudantes indígenas a conquistarem o ensino superior. Se estamos aqui é porque pessoas nos antecederam e, a cada ano, a gente tem quebrado barreiras e o preconceito na universidade”, ressalta a indígena, que faz parte do Núcleo de Estudantes Indígenas da UFBA, juntamente com Eduarda Tuxá. 
 
De acordo com o coordenador de Educação Escolar Indígena, da Secretaria da Educação do Estado, Rafael Truká, o encontro foi muito importante porque possibilitou a troca de experiências com alguns indígenas que discutiram sobre os saberes e conhecimentos de seus povos. “Neste encontro eles trouxeram para dentro da secretaria um pouco da realidade vivenciada pelos povos indígenas. Isto ajuda na desmistificação do imaginário popular daquilo que é um estereótipo de índio, além de combater o preconceito e o racismo institucional, que nós sabemos que existem”, afirma. 
 

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