Estudantes homenageiam heroínas negras brasileiras em peça teatral no Centro Cultural de Plataforma

O Centro Cultural de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, ficou lotado na tarde desta quarta-feira (31) para a apresentação da peça “Heroínas negras brasileiras”, protagonizada pelos estudantes do Colégio Estadual Almirante Barroso, localizado no bairro de Paripe. Os estudantes se transformaram em personagens marcantes da história do povo brasileiro, a exemplo de Maria Felipa, que lutou pela Independência da Bahia, e Dandara, mulher de Zumbi, que, junto com ele, lutou pela liberdade e pela igualdade.
 
Foram momentos inesquecíveis para a estudante Emille Cíntia de Jesus Moura, 16 anos, uma das 40 personagens da peça, que interpretou a heroína baiana Maria Felipa. “Quando eu recebi o papel, sabia muito pouco sobre ela, mas à medida que pesquisava me encantava. Então, me conectei com ela e com a história dela para interpretá-la. Gostei tanto que vou continuar estudando sobre essas heroínas”, destacou. A interpretação também levou a estudante Simone Carolina Alves dos Santos, 17, a aprofundar os estudos sobre o período da escravidão, bem como sobre  a resistência e a luta de mulheres escravizadas. “Eu estou fazendo o papel da heroína Dandara. Ela foi uma heroína muito importante, se preocupou em libertar seus irmãos escravizados e lutou por eles. Eu aprendi muito com a história de vida dela”, comentou.
 
Já o estudante Artur Rodrigues Lima Batista, 16 anos, interpretou o Nereu Ramos, um político importante de Santa Catarina que ajudou a heroína Antonieta de Barros, a primeira deputada estadual mulher e negra do Brasil. “Meu personagem ajudou a heroína Antonieta de Barros em alguns projetos e conquistas na Assembleia, quando ela conquistou a vaga de deputada, e, com isso, ela teve muitas conquistas em favor do povo negro da época. Estou muito feliz em participar deste espetáculo”, relatou.
 
Fotos: Geraldo Carvalho
A encenação da peça marcou o encerramento das comemorações do “Julho das Pretas”, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino Americana e Afro-Caribenha, desenvolvido nas escolas, com o apoio da Coordenação da Diversidade da Secretaria da Educação do Estado. Para chegar a este momento, a peça envolveu várias atividades pedagógicas, desde a pesquisa sobre as personagens até aulas de inteRpretação, sendo tudo coordenado pela professora de artes, Naidir Lopes de Oliveira.
 
A professora contou que a inspiração para a peça surgiu após a leitura de um cordel da escritora, cordelista e poeta cearense, Jarid Arraes, e destacou o impacto na vida dos estudantes. “Os alunos toparam e ficaram encantados com o trabalho de pesquisa. Ao conhecer as personagens, eles ficaram ainda mais motivados, principalmente as meninas, pois se reconheceram em muitas histórias de luta dessas heroínas”, relatou a professora, ao destacar que a peça foi apresentada em 2018 no Centro Cultural de Plataforma e no Festival de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo esta releitura especial para marcar o Julho das Pretas.
 
Também participaram da atividade, como espectadores,  estudantes e professores dos colégios estaduais Clériston Andrade, Sete de Setembro, Professora Maria Odete Pithon Raynal e Colégio Estadual de Praia Grande, todas localizadas no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
 

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