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Estudantes da rede estadual debatem a ditadura em evento no Complexo Cultural dos Barris
Curioso sobre o passado de seu país, o estudante Antônio Lustosa, 16 anos, do 2º ano do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, em Salvador, disse que pesquisar sobre o tema e discuti-lo no ambiente escolar, bem como participar de eventos relacionados ao assunto, são formas importantes de se inteirar daquele momento político. Tanto é que, na manhã desta quinta-feira (3/4), o estudante era um dos mais atentos da plateia da oficina de grafite, no Complexo Cultural dos Barris. A atividade compôs a programação do segundo dia do conjunto de atividades do projeto Ditadura Militar - Direito à Memória: 50 anos do golpe de 1964, desenvolvido, desde o ano passado, pela Secretaria da Educação do Estado, em parceria com a Secretaria de Cultura.
“Eu nem sonhava vir ao mundo quando aconteceu a ditadura militar no Brasil, mas eu sei que foi um momento muito triste porque houve violência contra a população e muitas pessoas morreram na luta contra o golpe. Preciso me inteirar mais desse assunto para entender melhor o que aconteceu naquele período”, disse Antônio Lustosa. Interessado por artes urbanas, ele optou por participar da oficina de grafite por ser uma manifestação artística popular e que tem o mesmo suporte (muros públicos) da pichação – que foi uma expressão visual usada pelos manifestantes contra a ditadura.
Outra participante da oficina de grafite – ministrada pelo artista visual Marcos Costa –, Samara Ferreira, 16 anos, 3º ano do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, conta que sempre desenhou, mas não conhecia a técnica dessa arte. “É muito interessante e uma oportunidade de aprender um pouco sobre estilos, tonalidades e tipos de letras dentro do grafite”, disse.
Textos – A falta de liberdade de expressão foi foco, também, da oficina Escritas Criativas, com a professora Clarissa Macedo. Por meio da análise de várias poesias e letras de música, os participantes tiveram acesso ao conhecimento dos “dribles literários” que poetas e compositores fizeram na época para atacar a ditadura militar sem que a censura percebesse. “É muito interessante estudar esse assunto porque a gente observa como Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros artistas que foram perseguidos fizeram para que suas canções não fossem censuradas”, disse Ayana Gomes, 16 anos, também aluna do 3º ano. A colega Tatiana Silva, 16 anos, reforçou: “incrível como eles conseguiam passar suas opiniões nas entrelinhas”.
Outra oficina que despertou interesse dos estudantes foi a intitulada Um Drible Ideológico: a estreita relação entre o futebol e a ditadura militar, ministrada pela professora de História do Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira, Helaine Pereira de Souza. “O futebol faz parte da cultura popular, mas temos que pensar sobre esse assunto de forma crítica, lembrando que a ditadura militar, no Brasil e em outros países, sempre atrelou o futebol à política como forma de dominação”, destacou a docente.
Os cursos Ensino de História da Bahia e O Poder Político na Bahia , ministrados, respectivamente, pelos professores Antônio Maurício Freitas e Paulo Fábio Dantas, também fizeram parte da programação do segundo dia. A exibição de filmes temáticos, como Os militares que disseram não , Por uma questão de justiça, advogados contra a ditadura (ambos do cineasta Silvio Tendler), Anistia 30 anos e Eu me lembro (ambos de Luiz Fernando Lobo), além de pr ojeção de vídeos produzidos por estudantes da rede pública estadual, complementaram a grade.
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