Estudantes celebram o Dia Mundial da Síndrome de Down com peça adaptada de William Shakespeare

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em comemoração ao Dia Internacional de Down (21 de março), estudantes do Colégio Estadual Satélite, localizado no bairro de Piatã, em Salvador, atuaram como atores e atrizes na peça “Sonhos de uma noite de verão”, a convite do grupo de Coletivo Criando Asas de Artes Inclusivas. A montagem, apresentada nessa quarta-feira (21), no Cine Teatro de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, foi protagonizada por alunos com deficiências intelectual e física, em sua maioria. Baseada na adaptação do texto do dramaturgo inglês William Shakespeare, o espetáculo foi recriado a partir de elementos regionais brasileiros.
 
Aluna do 2º ano do Ensino Médio do Satélite, Luciana Ribeiro, 26, conta que participar da peça no papel de uma fada “foi um sonho”. Ela, que tem uma leve deficiência intelectual, fala da sua alegria de subir ao palco e do seu futuro profissional. “Foi muito legal participar da peça porque estou treinando para ser atriz, que é o que quero ser de verdade. É a segunda vez que me apresento. Na primeira vez fiquei com vergonha, mas agora já estou enturmada. Foi uma felicidade muito grande na minha vida”, revela a estudante, uma das 30 integrantes da montagem.
 
A professora da Sala Multifuncional da unidade escolar, Ana Maria Oliveira, conta que seis estudantes do colégio – em distintas situações, entre as quais Síndrome de Down, visão baixa, cadeirante e autista – integram o elenco de “Sonhos de uma noite de verão”. “A peça consolida o nosso foco pedagógico, que envolve trabalhar as questões emocionais desses alunos, a partir de atividades lúdicas, despertando neles as suas capacidades cognitivas, contribuindo para a sua socialização e para aumentar a sua autoestima. Em síntese, trabalhamos dentro da concepção de que emoção e cognição estão interligados e quando assim atuamos torna-se mais fácil fazer a ponte para que eles entrem para a vida acadêmica”, destaca a educadora.
 
Cultura e identidade – A partir do texto de Shakespeare – ambientado na Grécia mítica, trazendo a história de seres élficos (mágicos) e personagens mitológicos –, a diretora da montagem, Roquelina Magnólia, inseriu elementos regionais como Maria Bonita, no papel da duquesa; capoeirista no lugar do personagem Lisandro; e um duende substituindo o elfo Puck da história original. “É uma forma de valorizar a nossa cultura e, sobretudo, criar uma identidade nos estudantes. Com esta peça, que encenamos pela primeira vez em 2017, o nosso grande objetivo é promover inclusão e sociabilização, bem como mostrar à sociedade que esses jovens são seres capazes”, explica Roquelina, tia de Tassila dos Santos, 28, que tem Síndrome de Down e é uma das integrantes do elenco.
 
Ela conta que cria Tassila desde os seus 11 anos, quando a mãe dela, sua irmã, faleceu. “Ela é a minha grande inspiração para as produções teatrais, para as quais conto com a parceria da professora de Arte Ruth Marinho na direção. E no Dia Mundial da Síndrome de Down, sempre faço questão de prestar uma homenagem para mostrar a importância da inclusão social dessas pessoas”, ressalta.
 
Caminhada - Nesta sexta-feira (23), a comunidade escolar do Colégio Estadual Satélite participará da 2ª Caminhada do Dia Internacional da Síndrome de Down, em Lauro de Freitas, com saída do Vilas Tênis Clube, prevista para às 8h, e chegada no Parque Ecológico de Vilas. 

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