Em live professores e estudantes dialogam sobre o negro na Ciência e políticas afirmativas

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Com o objetivo de estabelecer um diálogo com a rede de Educação, envolvendo professores, estudantes, família e demais profissionais de educação, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) promoveu, nesta quarta-feira (23), a live “Pretos na Ciência". A atividade on-line, transmitida ao vivo pelo Canal do Youtube do Instituto Anísio Teixeira (IAT), integra o projeto EducAção ComVIDA: arte, cultura, esporte, saúde, ciência e educação ambiental e saúde na escola, que vem realizando, semanalmente, lives temáticas.
 
A professora Marília Fontes, que mediou a live, deu início à atividade ressaltando a importância de incluir todos na discussão do tema “Pretos na Ciência”, independentemente de gênero ou raça. “Temos que fazer este diálogo no campo da Ciência, que é branca, europeia, masculina, para trazer para a discussão sobre onde estão os negros e as negras no cenário da Ciência, porque sabemos que existem trabalhos importantíssimos de autoria de pretos, mas que nem sempre têm a oportunidade de mostrar. Por isso, trouxemos três professores mestres para refletirmos e fazermos o diálogo da diversidade, especialmente na Bahia, onde a maioria da população é negra e que, por muitas vezes, querem nos invisibilizar. Portanto, este é o momento, mais do que nunca, de dizermos que temos potencial para fazer Ciências”.
 
A importância da discussão da presença dos negros em todos os lugares, especialmente na Ciências, foi focada pela professora de Língua Portuguesa do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e mestre em Educação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Ana Carla Portela. “Quando a gente fala de preto na Ciência, precisamos, primeiro, atacar essa desnaturalização do lugar do gênio, como se a Ciência fosse coisa de gênio e que os gênios nascem gênios. Os gênios da Ciência são frutos também de políticas públicas. Para o estudante ser despertado para uma área do conhecimento, ele precisa ter acesso a ela. Outra questão essencial é a valorização da presença negra e este aspecto está intimamente ligado a algumas políticas de ações afirmativas trabalhadas no interior da escola para que nossos estudantes negros reconheçam o direito da sua presença em todas as áreas. É fundamental que a escola se preocupe em romper a imposta invisibilidade do negro”.
 
O professor Cauim Benfica, por sua vez, destacou a importância do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (PPGER) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), campus de Porto Seguro, onde fez mestrado e leciona, por ter no seu bojo a presença de diversos escritores negros. “Este programa foi muito importante porque nos deu base para o nosso acesso a diversos autores negros que são inviabilizados pela escola formal. Falar da importância dos pretos na Ciência é construir a sua perspectiva porque só quem sente na pele o racismo, a opressão, a violência e a exclusão desde a família pela questão dos seus estereótipos. E nesse processo de construção do que é belo, engendrado no racismo estrutural que existe no Brasil, a beleza é greco-romana e a Ciências também. O racismo está internalizado por um longo processo histórico, daí ser tão importante apoiar políticas afirmativas para combater a violência racial”, destacou.
 
Para a professora de História Mônica Cristina da Fonseca, que também abordou o tema da live como uma ação afirmativa visando despertar a comunidade escolar para o conhecimento, falar do negro na Ciência é denunciar como o processo colonizador buscou apagar o conhecimento produzido pelo não branco. “Esta temática já é afirmativa e este nosso encontro é uma ação afirmativa para mostrar que as pessoas negras estão fazendo Ciência, ocupando espaços, como a universidade, e isso serve para que as crianças negras…

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