Após mais de duas décadas de rede estadual, entusiasmo com o ofício é o mesmo para professora Jancy Nery

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Foto: divulgação

Já são 24 anos de carreira docente na rede de ensino da Bahia. O sonho de trabalhar em um colégio estadual foi perseguido com muitas horas dedicadas à preparação para o concurso do Estado, do qual saiu vitoriosa. A professora Jancy Midlej Nery, 65 anos, já poderia se aposentar, mas não pretende se afastar da sala de aula, pelo menos, nos próximos dois anos. Sua dedicação e seu amor pelo magistério continuam sendo presenças assíduas no Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) do Chocolate Nelson Schaun, no município de Ilhéus, onde leciona desde 2016. E, agora, com o investimento de requalificação da unidade escolar pelo Governo do Estado, é que não pensa em encerrar o ofício, segundo ela.

Jancy é daquelas educadoras que vivem para a missão, com orgulho, resiliência e determinação. Transbordando sensibilidade e simpatia, a professora conta que a profissão foi escolhida quando ainda era criança, na cidade de Ipiaú, onde nasceu. “Eu sempre quis entrar no magistério. Desde bem menina, adorava ensinar a outras crianças. Gostava de brincar de ser professora. A minha prima Góia Midlej, mais velha que eu, me ensinava e, com ela, aprendi muita coisa e tomei gosto”, revela, ressaltando que é consciente com o fato de a carreira envolver transmissão e consolidação de conhecimentos e troca de experiências com os estudantes.

A sua docência é voltada para o ensino da língua, com práticas voltadas à produção de texto e à compreensão de mundo, valorizando a autonomia do estudante, o diálogo e a transformação da realidade. “Prefiro trabalhar com o uso da linguagem para transformar o pensamento frente as coisas práticas da vida. Para tanto, abraço os projetos estruturantes da Secretaria da Educação do Estado, como o AVE (Artes Visuais Estudantis), TAL (Tempos de Arte Literária) e EPA (Educação Patrimonial e Artística), visando estimular o hábito da leitura, a partir de temas como o cacau, região cacaueira e sustentabilidade”, afirma a professora, que já lecionou no Centro Integrado de Educação Rômulo Galvão, que depois passou a ser chamado de Colégio da Polícia Militar, e no Colégio Estadual Antônio Sá Pereira, ambos em Ilhéus.

Nessas unidades escolares em que atuou, Jency revitalizou as bibliotecas, bem como a do Ceep do Chocolate Nelson Schaun sempre envolvendo os alunos na ação. “Estou muito feliz por ter feito, recentemente, três projetos estruturantes no Ceep, sobre o tema do cacau. “Trabalhamos com fotografias. Ficaram lindas as fotos e os depoimento dos alunos foram maravilhosos, bem como os poema e o quadro que realizaram. Eu adoro trabalhar com projetos que envolvem artes”, pontua a docente, que concluiu a graduação em 1993, na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), antecessora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Depois de duas décadas de experiência educacional na rede estadual, Jancy continua seguindo a linha da arte-educação, buscando unir a arte do fazer com a prática. “É dessa forma que, ao meu ver, fica mais fácil e eficiente adquirir conhecimentos. Como professora, além de transmitir conhecimentos dentro do processo de ensino e aprendizagem, meu papel é ajudar o estudante a compreender o lugar onde vive e a respeitar as pessoas, suas ideias e diferenças, sendo estes princípios norteadores para a construção do indivíduo-cidadão, com práticas sustentáveis no seu cotidiano”. E, nessa avidez de contribuir sempre mais com o aprendizado do alunado, deixar o magistério só lá para 2027. “Quero vivenciar o Ceep do Chocolate Nelson Schaun todo reformado, que ganhou piscina semiolímpica, refeitório, quadra de esporte, entre outros equipamentos, e deverá ser reinaugurado no final do ano”, comemora.

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Vitória conquistada – A trajetória profissional de Jancy foi iniciada quando ela ainda ia completar os 18 anos, no Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), no Pelourinho, onde trabalhava com alfabetização e arte-educação, mexendo com cerâmica, música e teatro de bonecos”. O emprego era um meio de subsistência. Mas seu plano de entrar para o quadro de professores da rede estadual estava sendo traçado. “Estudei bastante para passar no concurso, não foi fácil, mas fui vitoriosa. Tinha dois filhos pequenos, estava separada, sem apoio. Até hoje, continuo buscando me atualizar sempre. Tenho feito todos os cursos que o Estado oferece para a mudança de grau ou de padrão, bem como o de aperfeiçoamento profissional”, enaltece, citando como suas maiores influências o filósofo e educador brasileiro Paulo Freire, além da psicóloga e pedagoga argentina Emília Ferreiro e do linguístico suíço Ferdinand de Saussure.

A professora Jancy segue sua trajetória profissional sem abrir mãos da linha pedagógica em que as artes (teatro, literatura, música) estão sempre presentes, assim como a produção de textos em sala de aulas, como forma de aplicar os conteúdos gramaticais de forma mais prazerosa. “Esta forma de lidar com o processo de ensino e aprendizagem marca bastante os meus alunos, porque eles passam a gostar de estudar a Língua Portuguesa”. Ela conta, ainda, que sempre trabalhou com estudantes de baixo poder aquisitivo, com suas dificuldades familiares. “Mas o material didático riquíssimo, com livros paradidáticos e maravilhosos, acabava fazendo com que se interessassem pela leitura em sala de aula. Fico orgulhosa por eles gostarem da proposta”.

 

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