Obras são restauradas por estudantes da Educação Profissional

Foto: Claudionor - Ascom/Educação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obras de pintores famosos, como Presciliano Silva (1883-1965) e Miguel Cañizares (1834-1913), deterioradas pelo tempo, pararam nas mãos dos estudantes do curso técnico de Conservação e Restauração do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Apoio Educacional Tecnologia da Informação Isaias Alves, no bairro do Barbalho, em Salvador. Além da responsabilidade de aprenderem o ofício através do importante acervo artístico-cultural da escola, eles estão empolgados com a oportunidade da formação em uma área em que se identificam e que há pouca oferta de profissionais. Os alunos se especializam na arte de restaurar papéis (documentos), esculturas, fotografias, pintura e metal. 
 
Ex-estudante do Colégio Estadual Raphael Serravalle, Alceu Menezes, 33 anos, não deixou escapar a chance de retornar à rede estadual, desta vez como aluno de um curso profissionalizante. Envolvido no universo das artes plásticas, ele enxergou no curso de Conservação e Restauração uma forma de aperfeiçoar em uma área em que há carência de profissionais e, ao mesmo tempo, embarcar em uma profissão que considera encantadora. “Esta formação é uma oportunidade ímpar de adquirir conhecimentos para atuar no mercado de Salvador, que tem um enorme acervo histórico-cultural necessitando de reparos, como se vê no Centro Histórico”. 
 
A formação gratuita em uma área em que ainda há pouca oferta de profissionais também foi abraçada por Juliana Soares, 27 anos. A expectativa dela é que em dois anos – tempo de duração do curso – estará apta para trabalhar profissionalmente com o que gosta. “Eu sempre me identifiquei com as artes em geral, principalmente pintura e desenho. Quando soube deste curso, logo me interessei porque vi que seria uma oportunidade de me profissionalizar e seguir uma carreira bastante respeitada e carente de profissionais”, conta. 
 
Traço original respeitado
O professor de Técnicas de Reparo da rede estadual, Renato Carvalho da Silva, responsável pelo curso, que tem ênfase em artes sacras, explica que as intervenções nas camadas de tintas dos quadros que estão sendo restaurados são as mínimas possíveis. “Sempre digo a eles que restaurar significa, sobretudo, respeitar o traço original do artista. É um trabalho minucioso, que começa com a higienização das peças e inclui, por exemplo, o enxerto com madeira para recuperar molduras que foram atacadas pelos cupins”.
 
Ele ressalta que a profissionalização dos alunos irá abrir um leque de oportunidades no mundo do trabalho. “A Bahia é um Estado que possui o maior número de acervo artístico-cultural do país, mas, paradoxalmente, possui um número pequeno de restauradores profissionais. Estes jovens, que hoje estão aqui se capacitando, terão a oportunidade, sobretudo, de contribuir para o resgate da história cultural do nosso patrimônio, para a preservação dos nossos acervos de arte. Sem falar que se trata de um trabalho imensamente prazeroso”, considera.
 
A diretora do colégio, Maribel Silva, ressalta que o processo de preparação dos estudantes para as etapas do curso foi iniciado com aulas teóricas e, a partir daí, as fotografias emolduradas de antigos professores e gestores, que passaram pela centenária unidade escolar, viraram seus primeiros objetos de trabalho. “A nossa maior expectativa, agora, é com a finalização do laboratório, onde os estudantes irão trabalhar na restauração das peças. Enquanto isso, eles estão atuando no Salão Nobre da escola, onde justamente estão fixados os referidos os enormes e simbólicos quadros de fotografias”, revelou. 
 
Para os interessados em participar do curso de Conservação e Restauração, a Secretaria da Educação do Estado abre inscrição, até dezembro, para 120 vagas. O processo de seleção é feito através de sorteio eletrônico, com data a definir. 
 
>> O assunto foi destaque na TV Bahia. Assista ao vídeo

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