A iniciação científica no ambiente escolar é um tema recorrente nos encontros virtuais realizados pelas unidades escolares da rede estadual durante a pandemia. Estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) em Controle e Gestão do Nordeste Baiano Pedro Ribeiro Pessoa, localizado no município de Catu, por exemplo, gravaram vídeos sobre o projeto “Superfície filtrante para o uso em reservatórios domésticos”, com o objetivo de incentivar a participação de outros jovens na área das Ciências.

 

Os vídeos foram gravados pelos estudantes Caio Mesquita, 17, e Mariana Santos Santana, 19, ambos do 4º ano do curso técnico em Meio Ambiente do CEEP Pedro Ribeiro, juntamente com a professora orientadora Ismirna Israelle Pereira dos Santos, responsável pelas disciplinas da área de Saúde do curso. O material pode ser assistido nos seguintes endereços: https://youtu.be/7JDL2pyKZ6w e https://www.youtube.com/watch?v=K3A8HdxqdaU&feature=youtu.be.

 

Nos vídeos, Caio e Mariana falam sobre o projeto, como surgiu a ideia de fazê-lo, qual o seu objetivo, as dificuldades que tiveram no percurso, o resultado da pesquisa e o seu percurso como finalista por sete feiras, com destaque para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), em São Paulo, e a Feira Brasileira de Jovens Cientistas, esta última tendo sido realizada virtualmente em abril passado, com pessoas de todo o mundo, tendo alcançado o 3º lugar na categoria “Engenharia”. Iniciado em 2018, o projeto teve como objetivo a construção e aplicação de uma superfície filtrante, associando poliéster com a fibra natural do coqueiro, denominado de paneiro, como elementos redutores de partículas em suspensão nos reservatórios domésticos, relacionando os materiais alternativos e sustentáveis à redução da turbidez e à oferta de uma água potável.

 

A estudante Mariana conta que seu primeiro contato com a Ciência foi no CEEP Pedro Ribeiro Pessoa, onde começou a participar de vários projetos e feiras científicas. “Sempre fui apaixonada pela Ciência, principalmente pela área de Humanas. A Ciência despertou em mim um sentimento muito grande e gratificante, possibilitou também alcançar novos voos e ter uma nova visão de mundo, permitindo a obtenção de conhecimentos que serão importantes não só para a minha carreira acadêmica e profissional, mas para a vida. Acredito que a Ciência pode ser um caminho no qual possibilita a inclusão e a superação principalmente para nós, mulheres”, incentiva.

 

Para Caio, participar de projetos científicos também é essencial na sua formação escolar. “É algo muito importante para mim, pois aprendi que, por meio da Ciência, podemos criar algo inovador que venha beneficiar a humanidade. Como estudante e cidadão, é muito gratificante saber que posso sim ajudar diretamente a minha comunidade, colocando em prática aquilo que descobri através da pesquisa. Minha principal expectativa na aplicação prática do projeto é garantir água com melhor qualidade para a população da minha cidade e que as pessoas entendam a importância de consumir água potável, pois é comprovado cientificamente que o consumo da mesma contaminada pode acarretar em sérios problemas de saúde, como hepatite, cólera e viroses”, relata.

 

A professora Ismirna ressalta que a iniciação científica, durante o período escolar, pode agregar inúmeros valores na vida do estudante. “A construção de projetos, a realização de pesquisas e a elaboração de hipóteses possibilitam no estudante o amadurecimento, o protagonismo e a autonomia em seu processo de ensino. Os estudantes que têm a oportunidade de ter esse contato saem capacitados para uma formação acadêmica universitária mais efetiva e inclusiva, pois já tiveram contato com textos acadêmicos, sabem como organizar suas ideias e argumentos. Eles saem mais qualificados para estágios e para o mercado de trabalho, pois é na iniciação científica que muitos encontram suas afinidades e vocações, desenvolvendo projetos que perpassam o ambiente escolar, possibilitando contribuições imensuráveis para a sua comunidade. A iniciação científica não é um caminho fácil, mas é um caminho libertador”, avalia a educadora, que conta com a professora de Química Heloísa de Santana na coorientação dos projetos.

 

Suspensão das aulas - As aulas estão suspensas por decreto governamental e deve ser repostas presencialmente na rede estadual de ensino, com um novo calendário escolar.