Estudantes da rede estadual participam de debate com filósofo Leonardo Boff

Foto: Claudionor Jr. - Ascom/Educação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Novos modos de produção, intervenção e convivência com o planeta, de maneira sustentável, foram os principais temas discutidos entre o filósofo, teólogo e professor Leonardo Boff e professores e estudantes de cursos técnicos de Agroecologia e Meio Ambiente da rede estadual. Para o debate, realizado na manhã desta quinta-feira (14) no auditório da Secretaria da Educação (SEC), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), participaram cerca de 60 agentes envolvidos na Educação Profissional do interior do estado, trazidos pela Secretaria, além de convidados da capita baiana.

Com o tema “Juventude, Educação e Sustentabilidade Planetária”, o objetivo do encontro, organizado e promovido pela Secretaria da Educação, em parceria com as Secretarias de Desenvolvimento Rural (SDR) e Meio Ambiente (Sema), é o de promover o conhecimento fora das salas de aula para os futuros técnicos de nível médio. Essa iniciativa se soma a outros projetos estaduais que garantem a vivência prática e outras formas de pensar a educação tradicional, como as mostras, feiras, experiências com a comunidade, além de atividades de pesquisa e extensão que normalmente já são organizadas para os cursos da Educação Profissional.

“O infinito dos recursos e do progresso para o futuro são ilusórios. Porque a terra tem recursos limitados, muitos deles não-renováveis e hoje em estado crítico", Leonardo Boff

Crise da atualidade
O filósofo Leonardo Boff fez um alerta sobre as condições da atual produção de alimentos e de exploração de recursos, entre lições sobre respeito ao próximo e ao planeta. Durante o debate, o professor fez questão de falar à comunidade escolar sobre o que chamou de crise da atualidade. “O infinito dos recursos e do progresso para o futuro são ilusórios. Porque a terra tem recursos limitados, muitos deles não-renováveis e hoje em estado crítico. Os eventos extremos são exemplos muito claros dessa falência e crise pela qual passa a Terra. São secas de um lado, inundações de outro, vulcões que entram em erupção depois de 200, 300 anos, grande ondas, terremotos. Estamos em um ritmo tão acelerado de consumo desses recursos que se continuarmos dessa maneira, iremos ao encontro de uma grande catástrofe”, alertou Boff.

Como uma resposta a essa crise mundial, o estudioso sugere mudanças nos modos de agir, interagir e explorar a terra, e para isso é fundamental que a educação ajude nessa disseminação de informações. “As formas mais modernas de se produzir, com agrotecnologias, tem destruído o meio ambiente de uma maneira muito mais acelerada do que a velocidade de recuperação da própria terra. Precisamos reinventar as formas de produzir para alimentar a população humana, e dentro dos limites que o planeta nos impõe. Ecologia hoje é mais do que uma técnica, recentemente virou uma arte, uma nova maneira de olhar a terra, a realidade, o nosso futuro. E esse novo conceito é urgente e deve penetrar em todos os espaços, porque estamos em uma situação cada vez mais ameaçadora”, apontou como possíveis soluções.

A partir disso, o estudioso afirmou que a educação pode ser decisiva para a construção e produção desse debate. “A educação nos faz aprender a conhecer tudo que a humanidade acumulou e isso é fundamental, mas precisamos pensar aquilo que a gente conhece. O que se esconde por detrás, quais são os interesses dos seres humanos com tanta produção de conhecimento. A partir disso, o grande desafio dos educadores e estudantes é o de criar condições e buscar práticas para superar a crise que está colocada à nossa frente”, falou.

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Experiência
Para os estudantes e professores que participaram do debate, a oportunidade de ouvir e discutir esses temas com especialistas é sempre enriquecedora e ajuda a multiplicar o conhecimento, como considerou a estudante Camila Fonseca, do curso de Agroecologia do município de Ribeira do Pombal. “Para mim isso é tudo muito novo, e como eu fui escolhida entre todos os alunos da minha sala, eu me sinto na responsabilidade de passar para os meus colegas tudo o que eu puder aprender aqui, porque o que falamos todo o tempo e tentamos colocar em prática é a questão dos recursos naturais e a integração com a biodiversidade geral”, explicou.

Educação Profissional
Com a maior população rural entre todos os estado brasileiros, segundo dados do IBGE, a Bahia tem investido na Educação Profissional e nos cursos técnicos como uma forma de mudar a maneira produtiva do estado. Segundo o superintendente de Desenvolvimento da Educação Profissional da SEC, Almerico Lima, esses cursos possibilitam revolucionar a agricultura baiana, permitindo que os recursos sejam melhor utilizados e de uma forma que, ao mesmo tempo, o meio ambiente seja preservado. “Acreditamos nessa qualificação e essa iniciativa é também uma forma de levar a educação para o campo, para a melhoria da qualidade dos três milhões de baianos que vivem da terra. O projeto do Governo do Estado é duplicar a quantidade de vagas e atingir a marca de 150 mil estudantes da Educação Profissional até 2018, e muito disso estará no campo”, contou o superintendente.

De acordo com dados da Secretaria da Educação, somente no curso técnico de Agroecologia, estão matriculados 1.711 estudantes, dispostos em 34 municípios do interior do estado, se consolidando como o maior curso do país na área. As aulas são ministradas em 17 Centros de Educação Profissional, cinco anexos de Centros e 12 Unidades Escolares, em cidades como Xique-Xique, Maraú, Itororó, Caculé, Esplanada, Rio Real, Vitória da Conquista e Cruz das Almas.

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