Estudante da zona rural de Juazeiro cria jogo matemático para ajudar no aprendizado dos colegas

Quem disse que não é possível aprender Matemática brincando? A estudante Emily da Silva Gonçalves, 16, do 2º ano do curso técnico em Agropecuária, da Escola Família Agrícola (EFAS) de Sobradinho, localizada no município de Sobradinho, mostrou que sim. Através da monitoria do Programa Mais Estudo, do Governo do Estado, a jovem moradora da comunidade Serra da Boa Vista, no município de Juazeiro, desenvolveu o jogo "Corrida da porcentagem", com o objetivo de ajudar os colegas no aprendizado da Matemática. O jogo foi criado com materiais de baixo custo, como cartolina; papel ofício (para fazer os cartões e envelopes); tinta; e semente de Mucunã (cipó da Caatinga), que no jogo serve para marcar o jogador. 
 
De acordo com Emily, a ideia do jogo surgiu durante uma atividade do Programa Mais Estudo. "Pensei em um jogo que envolvesse a porcentagem e fizesse o estudante pensar em como resolver o problema para poder alcançar o seu objetivo e, também, aprender mais, não só sobre porcentagem, mas também cálculos de divisão e multiplicação que a porcentagem também abrange. Criei uma forma dinâmica que fizesse todos participarem e aprenderem brincando a Matemática, que, muitas vezes, é considerada pelos colegas uma péssima matéria, algo que precisa ser desconstruído. O poder de ajudar é muito bom, pois sei que de nada serviria o conhecimento se não para ser compartilhado". 
 
A estudante contou, ainda, que o jogo é simples e divertido. "São quatro participantes (três jogadores e um árbitro). O primeiro a jogar é escolhido por um sorteio de cartões com os números 1, 2 e 3. Em seguida, o árbitro escolhe os cartões com as perguntas e o número de casas que o jogador, caso acerte, deve avançar. Caso ele erre a pergunta, passa para o próximo e assim segue até que um dos participantes consiga completar o jogo".
 
O diretor da Rede das Escolas Famílias Agrícolas da Bahia (REFAISA), Tiago Pereira da Costa, falou da importância do Mais Estudo. "Desde o ano passado, as Escolas Famílias Agrícolas da Bahia estão sendo contempladas com o programa, o que tem estimulado ainda mais o processo de ensino e aprendizagem. Os estudantes, ao se tornarem monitores, se auto-organizam para melhor aprofundar determinados conteúdos que eles têm afinidade e que outros não possuem. A partir dessa troca e interação direta entre eles é possível avançar no princípio do processo formativo, que é assegurar a aprendizagem dos estudantes". 
 
Segundo a coordenadora pedagógica e orientadora do Mais Estudo, Eduarda Campos, o programa tem dado grandes resultados na escola. "O Mais Estudo vem contribuindo na EFAS a partir de um processo coletivo, no qual a interação social e a construção de aprendizagens entre os educandos são constantes, pois o programa é centrado no  estudante, possibilitando que eles criem ferramentas para auxiliar os colegas na aprendizagem. Assim, o jogo criado por Emily aproxima de forma didática e interativa o educando do conteúdo que é considerado difícil pela maioria, efetivando naturalmente a interação, inclusive da família no processo de aprendizagem, já que será jogado em casa durante o período de isolamento social", destacou.
 
Sobre o Mais Estudo - O programa foi lançado em 2019, com a oferta de 10 mil vagas. As aulas acontecem no turno diferente ao qual os estudantes estão matriculados. Com uma linguagem própria da juventude, os monitores ajudam os colegas a desenvolverem seus conhecimentos e habilidades, tanto que já há registros de melhoria nas notas dos envolvidos e de redução da reprovação. Os monitores são acompanhados por professores supervisores e coordenadores pedagógicos. Neste período de isolamento social, muitos estudantes monitores desenvolvem atividades on-line, estabelecendo uma interação com os colegas. Na rede estadual de ensino, as aulas serão repostas presencialmente.

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