Estudantes quilombolas discutem identidade e ancestralidade

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Foto: Claudionor Jr. Ascom/Educação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Salão Paroquial da secular Igreja Matriz de Santiago do Iguape, distrito de Cachoeira (111 km Salvador), fundada por padres jesuítas em 1691, foi o cenário para o II Seminário Identidade Quilombola – no rastro da ancestralidade, promovido nesta quarta-feira (23), pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia dentro das ações alusivas ao Novembro Negro. A atividade reuniu estudantes do Colégio Estadual Eraldo Tinoco, localizado em Santiago do Iguape, que moram em 10 comunidades quilombolas da região. A iniciativa demonstra a expansão das Diretrizes Curriculares para a Educação Quilombola nas escolas estaduais.

 
Durante o seminário, os participantes discutiram e chamaram a atenção sobre a importância da valorização das origens e da história do povo quilombola. Também destacaram o pertencimento da identidade étnico-racial. “Ser quilombola é entender a sua cultura, ancestralidade, identidade e resistência”, ressalta a coordenadora da Educação para a Diversidade da Secretaria da Educação do Estado, Erica Capinan, que participou do diálogo com os estudantes.
 
Desde 2015, o Colégio Estadual Eraldo Tinoco é pioneiro na implantação das Diretrizes Curriculares da Educação Quilombola e atende estudantes das comunidades quilombolas de: Santiago do Iguape, Dendê, Kaonge, Calembá, Engenho da Ponte, São Francisco de Paraguaçu, Opalma, Caimbongo, Engenho da Praia e Campina. Além dos conteúdos das disciplinas do currículo comum, os 180 estudantes matriculados estudam sobre saberes tradicionais através do resgate da história e da cultura dos povos quilombolas.
 
Fotos: Claudionor Jr. Ascom/Educação
É o que conta a estudante e líder de classe do 1° ano, Deely Schitine Santos, 15, do Colégio Estadual Eraldo Tinoco. “É um orgulho imenso estudar numa escola quilombola porque podemos estudar sobre nossa história de forma mais detalhada e aqui trocamos experiências com estudantes de outras comunidades quilombolas, que possuem costumes e tradições diferentes”, conta a moradora da comunidade Santiago do Iguape.
 
Para Jailson dos Santos Mota, 15, do 2° ano, estudar na unidade escolar contribui para a construção de sua identidade. “Gosto muito de estudar aqui porque a valorização da nossa cultura e da nossa ancestralidade estão relacionadas em todas as atividades que a gente participa no colégio desde seminários, pesquisas de campo e apresentações artísticas”, revela.
 
Multiplicação - De acordo com a professora de História e Geografia, Ana Clara Amorim, o seminário culmina as atividades realizadas durante o ano de 2016, em relação à implantação das Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Escolar Quilombola. “No ano passado fizemos uma parceria com a Secretaria de Educação do município de Cachoeira para que a gente pudesse estender a proposta curricular voltada para a identidade étnica de quilombo para as creches e escolas do município. Desta forma, a Educação Quilombola poderá ser trabalhada desde a base e não somente na nossa unidade que oferta apenas o Ensino Médio”, explica a educadora e vice-diretora.
 
 
A formação para a difusão e implementação das Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Escolar Quilombola foram realizadas por técnicos da Secretaria da Educação do Estado em dez escolas municipais de localidades como Opalma, Engenho da Ponte, Santiago do Iguape, Kaonge e São Francisco do Paraguacu.
 
 A gestora da Escola Municipal de 1° Grua de São Francisco de Paraguaçu, Edilma Maria Costa, comemora a parceria. “Já estamos na implantação das Diretrizes do nosso Projeto Político Pedagógico (PPP) e isso vai ser muito importante para os nossos estudantes da localidade”, destaca.
 
A atividade também contou com a presença do presidente da Associação Conselho Quilombola, Ananias Viana, da presidente da Associação das Marisqueiras de Santiago do Iguape, Pan Batista, do representante do Banco Mundial, Micheael Drablle, que possui parceria com a Secretaria da Educação de Cachoeira, e professores.
 
Apresentações artísticas - A programação da unidade escolar voltada para o Novembro Negro continua, nesta quinta-feira (24), das 8h30 às 12h, com apresentações culturais relacionadas à história e resistência do povo quilombola.

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