Estudantes do Colégio Estadual Odorico Tavares assistem documentário e debatem sobre ditadura militar

Foto: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


O Museu de Arte da Bahia, na Vitória, em Salvador, se transformou em uma sala de aula, nesta sexta-feira (27), para cerca de 90 estudantes do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Odorico Tavares, situado no mesmo bairro. No espaço, os alunos assistiram ao documentário “Calabouço 1968 - Um tiro no coração do Brasil", do cineasta Carlos Pronzato, dentro do projeto Cinedebate, que tem à frente o Grupo Tortura Nunca Mais Bahia, a União Soteropolitana dos Estudantes Secundaristas, a Associação Baiana Estudantil Secundarista e o próprio Museu de Arte da Bahia. Em seguida, os alunos acompanharam o debate sobre o filme, que aborda a história do estudante secundarista Edson Luís, assassinado há exatos 50 anos (27 de abril de 1968) pela polícia do regime militar, no restaurante universitário, chamado Calabouço, no Rio de Janeiro.

A estudante Amanda Souza, 16, saiu do evento interessada em aprofundar os seus conhecimentos sobre a história do Brasil, declarando que iniciativas como estas são valiosas para a formação dos jovens. “Sou de uma geração que não viveu qualquer resquício do período da ditadura militar e assistir a um documentário como “Calabouço', que traz à tona um triste passado do nosso país, é importante porque vai nos influenciar nas nossas escolhas do presente e do futuro. Saio daqui hoje com uma outra cabeça, como acredito que todos os meus colegas. Não conhecia o episódio da morte de Edson Luís que, junto a outros estudantes, lutava por um país melhor, por uma educação mais digna, pela liberdade de expressão. Se a ditadura militar calou a sua boca assassinando-o, isto mostra que este é um regime que não pode voltar nunca mais”, refletiu.
 
 
A colega Yasmim da Silva, 16, conta que ficou impressionada com a garra dos estudantes daquela época na luta pelos seus direitos e acredita que as pessoas precisam conhecer o significado da ditadura militar para que não haja manifestações a favor do seu retorno. “Achei muito interessante o documentário que mostra a luta dos estudantes pelos direitos. O assassinato do estudante secundarista foi muito marcante, porque ele estava lutando por todos nós e perdeu a vida para um regime ditatorial. Com certeza, sairemos daqui hoje com muitas reflexões, com outras cabeças e certos de que a ditadura militar fez muito mal para o nosso país”.
 
A professora de História e articuladora do Tempo Integral no Odorico Tavares, Luciana Sena, revela que já existe na escola a prática de atividades voltadas à discussão sobre a conjuntura atual da política nacional, a partir da discussão de temas como democracia, processo eleitoral, corrupção, entre outros. “Mas como no 3º ano os alunos vão estudar ditadura militar, achamos interessante promover este conhecimento desde já, por meio de falas de pessoas que vivenciaram a época, a exemplo de militantes secundaristas da época e ex-presos políticos, que sofreram repressão por terem sido contra o governo opressor. O mais importante de realizarmos atividades como esta é a possibilidade de abrirmos o diálogo para a troca de conhecimentos, aumentando o poder de discernimentos dos fatos históricos”, destaca a educadora.

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