Estudantes da rede pública estadual comemoram participação no Face

Quando os premiados do 6º Festival Anual da Canção Estudantil (Face) foram anunciados, no palco da Itaipava Arena Fonte Nova, em Salvador, na última sexta-feira (29/11), a reação emocionada de choros, risos, pulos, abraços e gritos de contentamento dava uma mostra do significado do evento para aqueles estudantes da rede pública estadual. Ainda nesta segunda-feira (2/12), os premiados no festival, que encerrou as atividades do 2º Encontro Estudantil Todos pela Escola: ciência, arte, esporte e cultura, realizado pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, se dizem “em êxtase” e, ao mesmo tempo, já fazem planos ligados à carreira musical que se inicia.

As três melhores canções da sexta edição do Face – escolhidas pelo corpo de jurado formado por músicos, cantores e literatos, como Ivan Huol, Fred Dantas, Paulinho Boca de Cantor e Jota Veloso, foram: São Bento Grande de Angola, composta por Josué Silva, 19 anos, e interpretada por George Argolo, 16 anos, do Colégio Estadual Duque de Caxias, em Entre Rios; Muito Além de Ser Baiana, composta e interpretada por Carolina Nascimento, 17 anos, do Colégio Estadual José Américo Araújo, em Itaetê, e Tribo da Palavra, composição e interpretação de Jéssica Cruz, 16 anos, da Escola Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Ibotirama. Como melhor intérprete feminino, foi escolhida Carolina Nascimento, e, no masculino, George Argolo.

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O compositor de São Bento Grande de Angola, Josué Tainá Silva, era um dos mais empolgados. “Foi muita emoção ouvir o nome da minha música sendo anunciada. Eu corri, pulei, gritei, foi muita felicidade, algo indescritível para mim, que estava querendo muito ganhar esse festival”, conta o estudante. Na companhia do intérprete da música, George Argolo, ele explica que a composição é um reggae de resistência contra o preconceito racial, e tem, como base, a capoeira. “No ano passado, fiquei em terceiro colocado na etapa regional do Face da Diretoria Regional de Educação de Alagoinhas, com a música Ana Terra. Este ano, decidi me debruçar em um tema forte, aproveitando o mês da Consciência Negra. No mais, Deus me deu a inspiração”, disse.

Surpresa – George Argolo, que ficou com o prêmio de melhor intérprete masculino, confessa que não esperava que fosse um dos premiados. “É a primeira vez que participo do Face, e quando vi o alto nível das músicas e tanta gente que já tinha cantado em edições anteriores do festival, nunca imaginei que pudesse ser vencedor. Foi uma surpresa muito boa. Fiquei muito emocionado”, conta.

 

 

"Foi muita emoção ouvir o nome da minha música sendo anunciada. Eu corri, pulei, gritei, foi muita felicidade, algo indescritível para mim, que estava querendo muito ganhar esse festival" - Josué Tainá Silva - estudante



A adolescente Jéssica Cruz admite, também, que o resultado a surpreendeu, mas, ao mesmo tempo, a deixou “muito feliz”. “Não sabia se chorava, se ria, se pulava. Foi uma sensação muito boa. Não botei muita fé que minha música seria uma das escolhidas porque tinha muita canção forte”. A estudante conta, ainda, que Tribo da Palavra, composição da qual foi a própria intérprete no Face, foi inspirada na coletânea Várias Histórias de um Mundo Passado, que traz temas como a pintura de Leonardo Da Vinci e a Guerra de Canudos.

“Ganhei esse livro e, depois que o li, juntei as histórias e compus essa música em estilo MPB”, revela a estudante de 16 anos que, desde os 11 compõe. “Se vou me tornar cantora, só o tempo vai dizer. O certo mesmo é que quero continuar compondo”, garante Jéssica. Já George Argolo e Josué Silva começam a se movimentar para criar uma banda e, assim, colocar em ação o antigo desejo de atuar na área musical. “Estamos organizando, primeiro, uma carreata na nossa cidade (Entre Rios) para comemorar essa vitória no Face e, depois, vamos tocar os planos, juntamente com um produtor local, de formar um grupo”, revela George.

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