Estudantes com deficiência visual participam de atividades artísticas e culturais no Museu da Misericórdia

Fotos: Claudionor Jr
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudantes do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP) – unidade da rede estadual de ensino – se reuniram, nesta sexta-feira (18), em torno de mais um momento artístico-cultural. Trata-se da terceira edição do projeto itinerante “Sextas Culturais”, realizado, desta vez, no Museu da Misericórdia, no Centro Histórico de Salvador. O evento, que aconteceu no Dia Internacional do Museu, envolve apresentações musicais, cênicas, de dança e de artes visuais, além de palestras e rodas de conversa, visando ampliar as possibilidades de inclusão socioeducacional da pessoa com deficiência visual, dentro da concepção de que a interação deva acontecer a partir de diversas linguagens e manifestações humanas.
 
Cristovão de Oliveira, 39, estudante do CAP há dois anos, falou com entusiasmo sobre as “Sextas Culturais” e o trabalho realizado no centro. “Acho muito importante a realização de eventos como este, porque mostra para a sociedade que somos pessoas capazes e que, portanto, devemos ser integradas tanto ao mundo do trabalho como às atividades artística-culturais. Por conta do CAP, me sinto hoje incluído, minha autoestima melhorou e tenho o respeito que mereço ter das pessoas”.
 
Há mais de dez anos no CAP, João Alcides, 45, se orgulha de ter aprendido Braille na instituição, mobilidade, tocar violão e jogar bola. “Hoje ensino violão a meus colegas e ajudo a eles na defesa pessoal. É muito interessante este trabalho de inclusão social que o CAP promove, porque mostramos à sociedade que somos iguais, somos capazes de estudar, de trabalhar, de viver como qualquer pessoa. A nossa deficiência não é motivo para sermos excluídos”.
 
A mãe do aluno Nilton Oliveira Cardim, 27, Luzia Cardim, assídua nas “Sextas Culturais”, comentou a evolução do filho desde que entrou no CAP, há três anos. “Ele, hoje, toca teclado e percussão e ainda participa do coral. Antes, ele era mais dependente, não andava nem até ao banheiro sozinho. Este evento aqui só consolida o importante trabalho que é realizado no CAP”.
 
Exposição interativa – Durante o evento, os estudantes do Coral do CAP se apresentaram, bem como o grupo de percussão do centro chamado Batucaixa. Além disso, foi lançado o livro Príncipe Negro, do professor Hélio Bacelar, e os visitantes puderam apreciar a exposição interativa em tecnologia assistiva, que reuniu alguns recursos pedagógicos que são utilizados na Educação Inclusiva para pessoas com deficiência visual, como máquina braile, bengala, braillito e reglete (ambos para o aprendizado do braile) e soroban (instrumento matemático), além de equipamentos para pessoas com baixa visão, como a régua de leitura e a lupa eletrônica. 
 
O diretor do CAP, Rivelto Carvalho, destacou a relevância de eventos que abordam diversas linguagens. “As Sextas Culturais é um projeto que a gente sempre insere uma temática que é abordada em roda de conversa e, desta vez, foi ‘Nada sobre nós sem nós’, que significa que nenhuma decisão relacionada ao deficiente visual pode ser tomada sem a participação deles. A gente acredita que este evento é mais uma forma de expressão na busca de incluir essas pessoas na sociedade, dando um sentido mais plural às políticas de inclusão, buscando avançar ainda mais”.
 
A terceira edição do projeto ‘Sextas Culturais’ foi realizado em parceria com o Museu da Misericórdia, com o apoio da Sessão de Braille da Biblioteca Central do Estado da Bahia e do Instituto de Cegos da Bahia. A museóloga Osvaldina César falou sobre a importância de acolher o trabalho do CAP na ocasião das comemorações da Semana do Museu, no Museu da Misericórdia. “É uma forma de aproximarmos o deficiente visual ao museu e sensibilizar a sociedade para uma experiência interativa que visa a inclusão social dessas pessoas”.

Notícias Relacionadas