Estudantes aprendem Física construindo instrumentos musicais

Palavras-chave:
Fotos: Claudionor Jr. - Ascom/Educação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caetano Veloso já versou e cantou: “Como é bom poder tocar um instrumento”. Os estudantes de escolas estaduais participantes dos cursos e oficinas ofertadas pelo Centro Juvenil de Ciência e Cultura (CJCC), do Colégio Central, em Salvador, vão além: não só aprendem a tocar instrumentos, como a construí-los, a partir de materiais reutilizáveis ou recicláveis. O interessante é que ao fabricar os instrumentos, os alunos têm a oportunidade de associar conhecimentos musicais com o conteúdo da Física Acústica, aprendido nas aulas teóricas em suas unidades de ensino.
 
As atividades no CJCC integram as oficinas ‘Som na Caixa’ e ‘Musificando’, do CJCC, realizadas em parceria com estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)/ Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Na oficina, uma panela de alumínio e varetas de aço, por exemplo, são transformadas em um instrumento percussivo de sonoridade acústica.
 
Já um cano de PVC, acoplado à uma bexiga (bola de soprar) e à uma pequena mangueira para soprar o som, é batizado de Tubo Soprado. Esse instrumento de sopro, demonstra o professor de música Alexandre Rebouças, produz um som grave, devidamente calculado a partir dos conhecimentos de Física. Já um tubo de PVC fino pode ser transformado em uma flauta de som doce. “Os alunos das nossas oficinas são muito participativos, criativos, dedicados e interessados em inserir a música em suas vidas como um elemento essencial no seu desenvolvimento pedagógico-cultural”, ressalta o educador, revelando que às quintas são dedicadas à confecção dos instrumentos e às sextas, para tocá-los em aula coletiva.  
 
O estudante do Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira de Freitas, no bairro de Nazaré, em Salvador, Álvaro Roberto da Silva, 16, que já confeccionou uma flauta e um berimbau, conta que a experiência se torna ainda mais interessante com a aplicação dos conhecimentos da Física Acústica. “Testamos fazer a cabaça – que funciona como caixa de ressonância do berimbau – de papel, e descobrimos que o tipo do material não alterou o som. São experimentações diversas até chegarmos no instrumento que idealizamos. A oportunidade de obter conhecimento musical e aplicar os conteúdos teóricos da Física na prática é fascinante”, revela.
 
Na sala específica de fabricação dos instrumentos, o professor de Física e Robótica Elton Barreto ressalta que vivenciar a Física na prática é para que os alunos das oficinas do CJCC tenham uma motivação a mais: a música. “Sair da teoria e experimentar a Física na confecção dos instrumentos, a partir de materiais encontrados na natureza, é uma forma de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais lúdico e, consequentemente, mais atrativo”, avalia.
 
Vitória Mendes, 15, estudante do Colégio Estadual Manoel Novaes, no bairro do Canela, assegura que a combinação da música com a Física é uma atividade bem-sucedida mesmo para quem não tem na disciplina uma das suas preferidas. “As oficinas Som na Caixa e Musificando despertaram em mim o gosto por tocar instrumentos musicais, bem como a compreender a Física de uma forma mais lúdica e menos complicada. Já construí Cajon, berimbau, pau de chuva, viola de lata e flauta. Construo e toco e, além disso, aprendo o conteúdo da Física”, conta, orgulhosa.
 
Como a maioria dos alunos, Ariel Amorim, 16, também do Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira de Freitas, não tinha qualquer conhecimento musical até entrar para as duas oficinas. “Meu pai é violonista e sempre tive vontade de aprender a tocar instrumentos. Aqui a gente passa a ter uma outra visão sobre a importância que a música exerce na vida das pessoas”, ressalta.

Notícias Relacionadas